quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Semelhança












Se eles fossem gente, chamariam-se 
João e Davi ou Davi e João?

Tirando vantagem

Pego João pelos braços e repreendo-o pela última peratilce. Ele escuta o sermão pacientemente. Quando percebe que eu terminei, faz carinha de sem vergonha e diz:

- Mas eu não sou o João, mãe.

Ele já aprendeu que a camuflagem é ótima estratégia de defesa.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Bullying

Davi e suas dúvidas sobre o desenvolvimento humano:

- O adolescente é uma criança grande?

João e suas respostas desconcertantes:

- É. E o adulto é um adolescente grande. Menos a mamãe, que só ficou velha e não cresceu. 


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Espelho

Hoje eu tive o privilégio de conhecer o trabalho de Paula Huven, fotógrafa mineira que se atreveu a registrar o momento em que os olhares de mãe e filha se cruzam diante do espelho. 

De todos os olhares, os que mais me causam identificação são o de Cláudia e Cecília Bizzotto, que não seguram as lágrimas ao se encontrarem. Uma vê o seu passado. A outra vê o seu futuro. As duas se enchem de orgulho. 

Fiquei pensando na minha mãe e na honra que tenho de ser filha dela. As moças da foto, Cláudia e Cecília, foram separadas por um crime estúpido que levou embora a Ciça, em 2012. As duas ficaram eternizadas nesse registro.

O nó na garganta me fez querer eternizar o meu amor e gratidão pela minha mãe nesse humilde post. 

Só por garantia. 


Série "Devastação", de Paula Huven



Se melhorar estraga

Explicando para a nova babá o funcionamento da cozinha: 

- O almoço dos meninos é super simples. Arroz, feijão, salada, legume e carne. Não precisa ficar inventando moda. 

Ela perguntou, sem graça: 

- Você se importa se eu fizer algumas coisas diferentes? Tipo frango desossado e recheado, feijão mexicano, algumas carnes assadas, tortas, coisas assim? É que eu adoro cozinhar.

Alguém pode me beliscar, por favor?

  

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Arrependimento

O baixinho-grande, arrependido, veio anunciar a sua última travessura:

- Mãe, pode tirar uma estrelinha minha. 
- O que aconteceu, Pedro?
- Joguei bola dentro de casa e acertei sua plantinha. Pode tirar, eu mereço. 

Fui conferir o estrago. As florzinhas da minha orquídea, que há dois meses resistiam aos golpes triplos, não suportaram dessa vez. Ele, choroso, ficou esperando a sua sentença. Expliquei que não ia fazer nada naquela hora, mas que pensaria numa pena justa. Resignado, ele se sentou no sofá e recusou todos os convites dos irmãos para dar sequência às estripulias.

Pode até ser que ele perca uma estrelinha.
Mas deve ganhar duas pela autocrítica e honestidade. 


domingo, 17 de agosto de 2014

Aposentando o homem do saco

A nova moda lá em casa é o mural de estrelinhas. Cada um tem o seu. Quem se comporta durante o dia ganha uma estrelinha. Quem desobedece perde uma. Ao fim da semana, quem sobreviveu com cinco estrelas tem direito a um prêmio surpresa no domingo. Quem não alcançou o limite precisa se esforçar mais da próxima vez. Não cabe apelação, nem recurso. 

A ideia genial veio da babá nova, que de tão boa chega a dar medo. No princípio, fiquei desconfiada. Teorias tão leves não costumam se aplicar àquela trupe da pesada. Mas, surpreendentemente, tem funcionado melhor do que qualquer castigo ou ameaça. 

Lamento em informar, homem do saco, mas você está demitido. 



sábado, 16 de agosto de 2014

Assédio

Na garagem, os três baixinhos correram para conhecer o vizinho novo:  

- Como você chama? 
- Quantos anos você tem? 
- Para que time você torce? 
- Você tem filho? 
- Onde você mora? 
- Quer brincar com a gente?

Após o assédio, pudemos concluir que o vizinho chama-se Ulisses, tem 68 anos, é atleticano, sem filhos, e mora no último andar. 

E não gosta muito de crianças. 


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A primeira maquete

Lembra aquele para casa do baixinho-grande que pedia para fazer a maquete de um cômodo da casa? Pois é. O cômodo escolhido foi o quarto triplo. 

Veja o mimo que ficou:



         

Quem acha que ele merece nota dez levante a mão.

Solicitação

Queridas professoras,

quando acordarem inspiradas e decidirem pedir para os pimpolhos fazerem para casa de cortar e colar revistas e jornais, lembrem-se de que eles são três e a mãe é uma só, tá?

Obrigada.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Dia das pães




Receber um sem número de parabéns pelo dia dos pais é um indicativo de que tem coisa errada por aí, não é? 


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Bem resolvido

Na saída da escola, uma coleguinha murmurou alguma coisa para o baixinho-grande. Parecia ser um cumprimento, ou uma despedida. Ele retribuiu com alegria:

- Tchau, fulana!
- O que foi que ela disse, filho? Não consegui entender. 
- "Tchau, tampinha".

Pronto. Virei uma onça. E perdi a linha:

- Que absurdo! Por que você não chama ela de girafa? Ou baleia? Ela é bem grandinha para a idade dela. E gordinha.
- Pra quê, mãe?
- Ah, filho, para descontar, ué. As pessoas não podem sair por aí falando assim das outras. Isso machuca.

Ele, com toda calma do mundo, respondeu:

- Tá tudo bem, mãe, não precisa ficar brava. Eu não ligo para essas coisas. Você liga?

Tapa de luva também dói.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Consulta pública

O que você responderia se um dos seus filhos gêmeos - aquele que, junto com o irmão, quase te virou do avesso - fizesse essa pergunta: 

- Mãe, por que a sua barriga é desmanchada?

Aceito sugestões. 

Escanteio

O baixinho-grande foi convidado a dormir fora de casa. Antes que ele desse a resposta, fiz algumas considerações para ajudá-lo a se decidir. 

- Tudo bem se você não quiser ir, filho. Lá não vai ter a sua cama, seus irmãos, seus desenhos preferidos, seu cobertor quentinho, o leitinho com toddy como você gosta e, é claro, EU

Ele não pensou duas vezes:

- Quero ir!
- Pense bem, filhinho.
- Já pensei!
- Se você se arrepender no meio da noite, não vai ter jeito de te buscar, ok? 
- Por que eu me arrependeria? 

Relevei a crueldade da pergunta e comecei a me preparar para a despedida. Resignada, dei um abraço apertado e disse baixinho em seu ouvido:

- Ainda dá tempo de você desistir, filhinho. Não tem problema nenhum. 

Ele, insensível, respondeu:

- Tchau, mãe.

Tchau, mãe? Foi demais para mim.

- Você não vai nem sofrer, filho?

O sorriso com todos os dentes foi a resposta. 
E ele se foi. 
Sem mim.

É, minha gente.
Agora eu sei como a bandeirinha do escanteio se sente. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Dor de amor


- Mãe?
- Sim, Vivi.
- A Camila ainda amola com o Philipe?
- Namora, filhinho. 
- Ah...
- Por que?
- Eu queria amolar com ela, mas acho que ela não vai querer.
- Sério?
- É... eu tô demorando muito para crescer.

Por que ela tinha que ter 21 anos, né, filhinho?

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Solidariedade materna

Nasceu o filhotinho da gorila mantida há 10 anos em cativeiro no zoológico de Belo Horizonte. 
Alegria maior que essa, só a liberdade.  


Feliz por você, comadre.


Revendo conceitos

Daí você descobre que está errando a mão quando vê seu baixinho-pequeno recusando refrigerante da seguinte maneira:

- Querer eu até quero, mas a mamãe não deixa. 

:/

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Hora certa

O baixinho-grande anda incomodado com certas perguntas afetivas. Não sei se é por falta de assunto, ou por puro mal gosto mesmo, sempre tem quem adore causar constrangimento em crianças com a clássica pergunta: "Você já tem namorada?" Aff... Coisa mais chata. 

Dia desses, depois de responder a mais uma dessas perguntas infelizes, o baixinho desabafou:

- Por que as pessoas insistem nisso, né, mãe? Elas não sabem que criança só pode namorar depois dos 18 anos?

Ainda morro de orgulho.


sábado, 2 de agosto de 2014

Abundância

E não é que agora o baixinho-grande empresta dinheiro para a mamãe?

E o mais incrível: quanto mais ele empresta, mais ele tem. 

S2