Desfazendo as malas

- Nossa, filho, que presentinho lindo! De quem é?
- Da Júlia.

Ah, sim. Da namorada.
Affff...

Ele voltou!

Tô que não me aguento de tanta alegria.
Finalmente a patota está completa novamente.
Entre as centenas de beijos e abraços no reencontro, o decreto:

Sem mim, você não vai nem à esquina. 
E tenho dito.

Sossega leão

João sofreu um ataque de pernilongos e precisou de antialérgico.
O tio pediatra advertiu:

- O remédio costuma dar sono, não fique preocupada se ele dormir demais.

Feliz com a maravilhosa descoberta, tive que me controlar para não aumentar a dose.
Até o Davi, que estava são, ganhou um pouquinho do tal remedinho milagroso.

Fazendo suas próprias descobertas

Ele conta, entusiasmado:

- Mãe, vi um caranguejo!
- Que legal, filho.
- É, ele anda muuuuuito de lado.

Pelo telefone, pude ver sua carinha de contente.
E sorri daqui.

Famintos

Na saída da escola: 

- Mamãe, tive que colocar os dois para pensar - disse a professora. 
- O que eles fizeram? - perguntei, já com medo da resposta.
- Morderam a coleguinha.
- Por que?
- Por causa de um pedaço de pão.

Na próxima lista de material escolar, vou incluir focinheira.

Provando do próprio veneno

Pelo telefone:

- Mamãe, nas próximas férias eu vou trazer os irmãozinhos.
- E eu, você não vai me levar?
- Não, você tem que ficar trabalhando.

Dom Pedro Lacerdinha

Mamãe não resistiu e lançou a campanha na internet: "Volta, Pedro".
Já tem até slogan, criado pela tia Binha:

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que volto." - Dom Pedro Lacerdinha, séc XXI.

Tia Tininha

Notícias do Espírito Santo:

O pequeno apontou para o céu e mostrou a estrelinha mais brilhante.
Era a tia Tininha.

Te vi daqui também, tia.
Saudades. 

Como aumentar a saudade em duas frases

Ontem, na sessão 'recordar é viver', tia Binha contou essa pedroquice inédita:

- Pedro, sabia que quando a tia Binha era criança não existia joguinho de celular?

- E você era feliz mesmo assim?

E os caquinhos do meu coração se partiram em mil pedacinhos de saudade...

Na pior

Que fique bem claro.
Só não morro de saudades do meu pequeno porque quero estar bem viva pra quando ele chegar.

Abstinência

Só pra registrar.

Muito, muito, muito, muuuuuuuuito ruim ficar sem pedroquices.

Jogo de empurra

Os dois pimpolhos brincavam no banco da frente do carro. De tanto apertar os botões, acabaram ligando o som no volume máximo.

- Quem fez isso? - perguntamos, bravos.
- Vivi - respondeu o João, mais que depressa.

Moral da história: em terra de bebês, quem fala duas sílabas é rei.

Dor de cotovelo

No telefone:

- Filho, como está aí?
- Tá muuuuuuito legal, mãe.
- Sei. Você está comendo bem?
- Tô, já tomei água de coco e picolé na praia.
- Hahã. Você chorou alguma hora?
- Nenhuminha.

Silêncio da mãe.

- Tá gostando de ver, mãe?
- É justamente isso, filho. Eu gostaria de estar vendo.

Arrasada, a mãe desliga o telefone.
E começa a procurar remédio para dor de cotovelo.

Se arrependimento matasse...

Bendita hora que decidi dar uma de desapegada e deixei o meu pequenininho atravessar o oceano.
Agora não tem mais jeito, só daqui a longos e intermináveis 15 dias.
Tô aqui, cheia de dor de cotovelo, imaginando meu rapazinho procurando conchinha na areia.
Sem mim.

Tomara que ele dê muito trabalho e chore prantos de tristeza com saudade da mamãe.
E se quiser voltar mais cedo, tudo bem.

E você, caro leitor, me dê licença.
Como toda mãe, também sei ser dramática.

Chooooorando se foi

Custei a segurar o choro na despedida do baixinho.
Tudo ia bem até os meninos começarem a perguntar sobre o irmão.

- Pepa? - pergunta o Davi.

- Peta? - questiona o João.

- Buaaaaa - responde a mamãe.

Banho de imersão

O baixinho grita do banheiro:

- Mamãe, o irmãozinho tá dando banho no seu celular!

Eis que flagro o João dependurado no vaso sanitário, debruçado no lavatório, afogando todos os meus telefones de contatos, mensagens e arquivos.
E a paciência da mamãe.

Alguém traga meus sais, por favor.

Solução

- Filho, o que fazer com a saudade que vou sentir durante a sua viagem?
- Pega um boneco, chama de Pedro e aperta.

Simples assim.

Reza de mãe

O Zé andou dodoi esses dias.
O pequeno se compadeceu:

- Vou pedir pra mamãe rezar pro Papai do Céu pra você sarar, tá?

Injustiça

João está na fase de morder.
Ninguém escapa, principalmente o Davi, coitado.
Sem saber quem é quem, frequentemente a vítima passa por agressor. Como ontem, na escola:

- Esse aqui deu uma dentada naquele dali - apontou a professora.
- Tem certeza? É esse aqui que costuma morder aquele dali - contestei.

A prova dos nove foi a marca dos dentinhos na bochecha gorducha.
E sim, a vítima estava sendo penalizada.
E o agressor, ao perceber que havia sido descoberto, fez cara de sem vergonha.

Alguém se candidata à vaga de juiz?

Mau humor

Vamos combinar uma coisa.
Se vocês querem passar a noite em claro, tudo bem.
Só não lhes dou o direito de acordar com cara de sono e olheiras. Todo mundo fica com dó no dia seguinte.

Da mãe e suas vitalícias olheiras de urso panda ninguém tem pena, né?

Afff...

Sonho de consumo

Olha no que se transformou o projeto verão 2012 da mamãe:

Rebelião

O pequeno estava pegando fogo com o tio pediatra na sala. Incomodada com a agitação, pedi que os dois parassem.
O pequeno se rebelou:

- Esqueceu que você manda só em mim? Quem manda no tio André é a vovó.

E fez cara de justiceiro.
E a mamãe ficou com cara de tacho.

Furando o olho

Eis que o João resolveu aparar a unha preta do dedo indicador direito na córnea esquerda do coitado do Davi.
Por sorte, não rendeu nada além de um dia de molho e três doses de pomada ardida.
Diante da impresivibilidade do incidente, pensei em renegociar com o Papai do Céu alguns pedidos de ano novo: troco a barriga de tanquinho por dois anjos da guarda extras.

Nada mal, hã, Papai do Céu?

Desapego

Então o pequeno virou gente grande.
Vai viajar com a outra vovó. 15 dias na praia.
A mamãe já está sofrendo por antecipação.
Mas não vai impedir.
Afinal, ele já é um adulto de quase cinco anos.

Que voe por todo mar
e volte aqui.
Pro meu peito.