Três anos da trinca

Hoje é dia de parabéns triplo.

Três anos dos baixinhos.

Festinha para os três de uma vez.

Juntos, como sempre estiveram. 
Amados, como sempre serão.

Muitos amigos por perto.
Todos os motivos para comemorar.

Eu?

Triplamente feliz com a trinca que Deus me deu.

Gota d'água

- João, foi você que derramou essa água aqui no chão?

- Não fui eu, foi a minha mão.

Gentis

Davi: - Mãe, a gente não consegue te carregar.

João: - É, você é grande e gorda.

Cara de pau

João: - Mãe, o Vivi me bateu com o vião.
Davi: - Não bati, não. 
João: - Bateu sim.
Davi: - Não bati com o vião, bati com o pecópelo.

Desabafo

Meus filhos,

no dia em que a falta doer fundo, lembrem-se de que o meu amor por vocês é duplamente infinito. Vale por mim e por todo o resto. E, ao resto, caberá somente os restos. Sem culpas, sem cobranças, sem lamentos. Somente as consequências.

O dia em que a mamãe ficou triste

- Por que você está chorando, mamãe? - perguntou o João.
- Por nada, filhinho. É coisa de adulto, não se preocupe. 

Intrigado com o que seria capaz de provocar choro em mãe, perguntou:

- O adulto te mordeu?

E, por um instante, mandou a tristeza embora.

Presente

A volta da escola costuma ser sofrida por causa do trânsito. Quase sempre, os baixinhos não resistem ao cansaço e acabam dormindo pelo engarrafamento afora. Isso torna a logística bem mais difícil, porque exige três viagens com eles no colo da garagem até em casa e uma quarta para resgatar as mochilas e sacolas que os acompanham diariamente. 

Hoje foi diferente. Apesar do trânsito caótico, o baixinho-grande percebeu que eu não estava bem e fez vigília. Ficou caladinho, só observando os suspiros que eu, sem perceber, dava pelo caminho. Na chegada, quando vi que ele ainda estava acordado, estranhei:

- Ué, filho, você não dormiu?
- Não, mãe. Se eu dormisse, quem ia te ajudar? 

E enquanto eu tentava segurar o choro, ele colocou uma mochila nas costas e puxou as outras duas pela mão. Abriu as portas da garagem, do elevador e de casa. Entrou, acendeu as luzes e me deu um beijo no rosto. E disse:

- Vai ficar tudo bem, mamãe.

Tenho certeza que sim, meu filho.
Afinal, tenho você.

#padecendo

Pedro e suas exigências:

- Quê isso, mãe?!
- Carinho, ué.
- Com essa mão suada?

Eu mereço. 

Costura

A bagunça do fim de semana rendeu ao Vivi uma córnea arranhada. O incidente ocorreu durante uma acalorada dividida de bola com o Pedro. Nocauteado, foi parar no hospital. Sem saber o que doía mais - o olho machucado ou o medo do médico - ele se lembrou do dia em que teve a testa costurada. E ligou os fatos:

- Não quero levar ponto no olho!

Exigente

Em tom de protesto:

- Mãe, por que você cortou tanto o cabelo?

- Uai, Pedro, porque estava grande demais.

- É que eu prefiro mulheres de cabelo grande.

Massinha

Vivi recebendo uma gostosa massagem nas costas:

- Mamãe, eu gosto quando você me amassa igual massinha.

Afiado

- Mãe, e se o elevador parar com a gente?
- É só apertar o alarme, Pedro.
- De que adianta, se a síndica nunca está em casa?

Detalhe, a síndica é a tia Gabi.
Acho que isso foi uma alfinetada.

Português

Davi brincando de esconde-esconde:

- João, vem me procurar debaixo da escada!

6 anos

Sim, sou a feliz e realizada mãe de um lindo rapazinho de 6 anos. Já se despedindo da primeira infância, meu pequenininho demonstrou que, entre tantas qualidades que possui, maturidade e sabedoria merecem todo destaque. Pois veja.

Após o parabéns da singela festinha na escola, veio de um dos convidados a constrangedora pergunta: 'para quem vai o primeiro pedaço de bolo?' Puxa vida, que sinuca! Pai e mãe lá. Relações estremecidas. Igualmente importantes. Igualmente amados. Como escolher um?

Por um instante, senti pena do baixinho. Boba de mim. Decidido, ele partiu um generoso pedaço de bolo e rapidamente resolveu o problema: 

- Para o meu pai e a minha mãe. Juntos.

Parabéns, meu filho. 
Quanto orgulho eu sinto de você!

Preparativos

Telefone sem fio

Na contagem regressiva para os 6 anos do baixinho, fizemos uma força-tarefa para a produção dos docinhos. Pedi ao ainversariante:

- Filho, pegue o leite condensado, por favor.

O baixinho repassou a tarefa:

- Davi, pegue o leite condensado para a mamãe.

Por sua vez, Davi pedalou o pedido para o irmão:

- João, pega o leite engraçado.

E, além dos docinhos, o leite condensado rendeu também boas gargalhadas.

Macaquices

- João, como se diz macaco em inglês?

Entre pulinhos e coceirinhas, ele responde:

- U-U-A-A, U-U-A-A.

De macaquices, ele dá aula. 

Parece, mas não é

Um propõe:

- Vamos brincar de pow-pow-pow?

Prontamente, o outro aceita:

- Eu vou ser o telelome que chuta!

Desafiado, o 'um' completa:

- Eu vou ser o menaranha que bate!

Os dois tomam distância, fecham os olhos e partem para o ataque.

À única expectadora - no caso, eu - só resta dar as regras: não vale do pescoço pra cima e da cintura pra baixo.

E seja o que Deus quiser.

Contrastes

Os pais aos olhos do João:

- Meu pai é caleca e minha mãe é cabelada.

Ele não sabe, mas acertou na descrição até o último fio de cabelo.

João

Ele é o último a dormir e o último a acordar. Torce o nariz para os cadernos. Troca qualquer brinquedo por um violão. É o mentor confesso das piores travessuras. É gentil e cuidadoso com as meninas, principalmente com as mais novas que ele.

Se é assim aos 3 anos, o que será de mim quando ele tiver 13?

Fundindo a caixola

- Mãe, carro fuma?

- Não, Vivi. De onde você tirou isso?

- Então por que ele solta fumaça?

Comparação

Vivi e suas comparações:

- Olha, mãe, o cocô do João tá igual cenoura!

Deus conserve

Hoje foi dia de vídeo-game. Entre os vários joguinhos disponíveis, o baixinho apontou para um e pensou alto:

- Esse eu não posso. Tem guerra. Mamãe não gosta.

E nem precisou olhar para ver a cara de satisfação da mãe.

Atenção

Mamãe esperava para atravessar a rua. Preocupado, João gritou de dentro do carro: 

- Moço que tá dirigindo, cuidado com a minha mãe! 

Engraçadinho

- Mãe, sabia que eu já sei rodar uma tesoura no lápis?

- Legal.

- Já posso pedir dinheiro no sinal?