João grita do sofá:
- Mãe, vou dormir.
- Tudo bem, filho. Boa noite.
- Você não vai me levar para a cama?
- Claro que não, você já é um rapaz de quatro anos.
- Não sou nada, sou um bebezinho e preciso de carinho.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Inventário
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Com amor
Lembra da pobre orquídea que foi vítima de uma bolada do baixinho-grande?
Então, nada como um dia depois do outro.
É que a bolada foi com muito amor, né, filhinho?
Então, nada como um dia depois do outro.
É que a bolada foi com muito amor, né, filhinho?
Príncipe desencantado
Na portaria do prédio, demos de cara com uma barata de 37 patas e 2,5 metros. Fiquei absolutamente congelada, sem forças nas pernas e com o coração saindo pela boca. Os baixinhos-pequenos, sem entender o que estava acontecendo, ficaram catatônicos também. Coube ao baixinho-grande se apresentar para a batalha:
- Quer que eu mate ela, mãe?
- Você faria isso por mim, filhinho?
- Claro. Me dá o seu sapato aí.
E a carruagem virou abóbora.
- Quer que eu mate ela, mãe?
- Você faria isso por mim, filhinho?
- Claro. Me dá o seu sapato aí.
E a carruagem virou abóbora.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Diferenças
A menina mais bonita da escola chama-se Catarina (é mal do nome, eu sei).
Os meninos, especialmente os maiores, suspiram por ela.
Como quem não quer nada, fui sondar o meu terreiro:
- A Catarina é linda, né, gente?
A resposta foi instantânea: Davi balançou a cabeça negativamente. João, positivamente. Pedro continuou jogando bola.
Tenho três filhos únicos.
Os meninos, especialmente os maiores, suspiram por ela.
Como quem não quer nada, fui sondar o meu terreiro:
- A Catarina é linda, né, gente?
A resposta foi instantânea: Davi balançou a cabeça negativamente. João, positivamente. Pedro continuou jogando bola.
Tenho três filhos únicos.
Incontrolável
Eu avisei uma vez. Falei de novo. Na terceira vez, não teve jeito. João acabou perdendo uma estrelinha. Ele ficou desolado com a punição. O irmão mais velho, compadecido, tentou consolá-lo:
- Não fique assim, João. Só depende de você não perder mais nenhuma até domingo.
E o que era choro virou pranto.
É que o problema é exatamente esse, né, filhinho?
- Não fique assim, João. Só depende de você não perder mais nenhuma até domingo.
E o que era choro virou pranto.
É que o problema é exatamente esse, né, filhinho?
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Calor
João acorda no meio da noite e, arrependido, vem contar:
- Mãe, fiz xixi na cama.
- Sério, filho?
- Fiz, mas só molhou a camisa.
- A calça, você quer dizer, né?
- Não, a camisa mesmo. Até aqui em cima, ó.
Ele leva as minhas mãos até o seu peito e confirma:
- Tá vendo? É xixi sem cheiro.
- Não, filhinho. Isso é suor.
- Mãe, fiz xixi na cama.
- Sério, filho?
- Fiz, mas só molhou a camisa.
- A calça, você quer dizer, né?
- Não, a camisa mesmo. Até aqui em cima, ó.
Ele leva as minhas mãos até o seu peito e confirma:
- Tá vendo? É xixi sem cheiro.
- Não, filhinho. Isso é suor.
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Falsidade ideológica
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Mandinga
Apesar da baixa estatura, o baixinho-grande tem se saído um excelente goleiro. Os pais, na arquibancada, ficam por entender como ele consegue se esticar tanto.
Ontem, descobrimos o seu segredo. Antes de assumir o posto, ele bate discretamente as chuteiras na trave e faz o sinal da cruz três vezes. Aponta para o alto e encarna o Taffarel.
Parece que Ziraldo o conhece desde 1980.
Ontem, descobrimos o seu segredo. Antes de assumir o posto, ele bate discretamente as chuteiras na trave e faz o sinal da cruz três vezes. Aponta para o alto e encarna o Taffarel.
Parece que Ziraldo o conhece desde 1980.
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Pagando língua
Sempre achei que os três dariam ótimos garotos propaganda. São lindos, expressivos e inteligentes. Que marca não gostaria de ver o seu produto estrelado por modelos tão especiais?
Só que depois de não receber retorno de nenhuma das inúmeras agências de publicidade para quem enviei um monte de foto dos baixinhos, finalmente caí na real e percebi que, como toda mãe, acho que os meus filhos são literalmente os mais lindos, expressivos e inteligentes do mundo. E é claro que não são. Desencanei.
De repente, recebo uma ligação do pai dizendo que o baixinho-grande acaba de ser selecionado para dublar a voz de um personagem animado para a venda de um residencial. Com direito a cachê e tudo.
O pai, que é músico, especula, animado:
- Vai ser ótimo para o portfólio dele.
Portfólio?
Nem que a vaca tussa.
Só deixo se for para comercial de dia das mães. Se a mãe for eu.
E olhe lá.
Só que depois de não receber retorno de nenhuma das inúmeras agências de publicidade para quem enviei um monte de foto dos baixinhos, finalmente caí na real e percebi que, como toda mãe, acho que os meus filhos são literalmente os mais lindos, expressivos e inteligentes do mundo. E é claro que não são. Desencanei.
De repente, recebo uma ligação do pai dizendo que o baixinho-grande acaba de ser selecionado para dublar a voz de um personagem animado para a venda de um residencial. Com direito a cachê e tudo.
O pai, que é músico, especula, animado:
- Vai ser ótimo para o portfólio dele.
Portfólio?
Nem que a vaca tussa.
Só deixo se for para comercial de dia das mães. Se a mãe for eu.
E olhe lá.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Caxias
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Hereditariedade
Soletrando
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Efeito estrelinha
Vivi acordou choroso, prostrado e mais sensível do que de costume. Até pensei que poderia ser uma virose a caminho. Com jeitinho, fui investigar o caso:
- O que você tem, filhinho?
- Meu olho e minha garganta estão doendo.
- O olho?
- É. Porque o João bateu a faixa do judô no meu olho ontem de noite, lembra?
- Mas você dormiu e sarou, lembra?
- Não sarou tudo. E a minha garganta também dói.
- Mas você conseguiu tomar leite e comer um pão agorinha, sem reclamar. Quando a garganta dói, a gente não consegue comer nada direito.
Sem argumentos, ele não teve escolha a não ser contar a verdade:
- Eu também estou triste porque você tirou uma estrelinha minha quando eu bati no Pedro.
Rá!
- O que você tem, filhinho?
- Meu olho e minha garganta estão doendo.
- O olho?
- É. Porque o João bateu a faixa do judô no meu olho ontem de noite, lembra?
- Mas você dormiu e sarou, lembra?
- Não sarou tudo. E a minha garganta também dói.
- Mas você conseguiu tomar leite e comer um pão agorinha, sem reclamar. Quando a garganta dói, a gente não consegue comer nada direito.
Sem argumentos, ele não teve escolha a não ser contar a verdade:
- Eu também estou triste porque você tirou uma estrelinha minha quando eu bati no Pedro.
Rá!
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Estiloso
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Exigente
Comilança
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Sonhando alto
O baixinho-grande, indignado, vem contar que o coleguinha abusou das faltas no futebol. Diz que o infrator o perseguiu durante todo o jogo, que deu um carrinho maldoso, que não sabe perder e que foi protegido pelo professor. E concluiu:
- Duvido que isso vai acontecer quando a gente estiver na Copa.
- Duvido que isso vai acontecer quando a gente estiver na Copa.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Adulto mirim
Vivi ganhou algumas moedinhas e decidiu:
- Pode deixar que eu compro o pão hoje, mãe.
- Não precisa, filhinho, guarde o seu dinheirinho para você.
- Não tem problema. Assim você não precisa gastar o seu.
Com o coração apertado, deixei para ver até onde aquilo ia dar. Já no caixa, de olho no balcão repleto de balas, chocolates e outras goluseimas, ele fez carinha de arrependido e perguntou:
- Mãe, você pode pagar o pão?
Ufa...
De criança adulta em casa, basta o baixinho-grande.
- Pode deixar que eu compro o pão hoje, mãe.
- Não precisa, filhinho, guarde o seu dinheirinho para você.
- Não tem problema. Assim você não precisa gastar o seu.
Com o coração apertado, deixei para ver até onde aquilo ia dar. Já no caixa, de olho no balcão repleto de balas, chocolates e outras goluseimas, ele fez carinha de arrependido e perguntou:
- Mãe, você pode pagar o pão?
Ufa...
De criança adulta em casa, basta o baixinho-grande.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Precoce
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Fartura
"Os meninos vêm em tamanhos, pesos e cores variados. Eles estão em toda parte: em cima, embaixo, lá dentro, lá fora, pulando, correndo. As mães naturalmente os adoram, as meninas os detestam, os irmãos mais velhos também, os estranhos os ignoram e o céu os protege!"
Alan Beck, tenho um monte deles lá em casa.
Alan Beck, tenho um monte deles lá em casa.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Enrubescendo a mãe
Passeamos na Maria Fumaça de Rio Acima, ontem. Ao nosso lado, tinha uma bebezinha linda no colo dos pais, que resolveram deitá-la no banco para trocar a sua fralda. Davi, curioso que só ele, esticou o pescoço para ver o que havia debaixo daquele monte de algodão.
- Pare com isso, Vivi. Respeite a intimidade da mocinha - repreendi.
- Só quero ver se aquele negócio que faz xixi é igual ao da Clarinha, mãe.
Pausa para uma explicação. Clarinha é a minha afilhadinha de nove meses, cujo ofício de babá já foi exercido pelo protagonista deste post.
Meio desconcertada com a observação, tentei desconversar dizendo que não eram iguais, que cada uma tinha a sua. Antes eu tivesse dito que eram idênticas. Mais que depressa e em alto e bom som, ele completou:
- Ah, sim! A da Clarinha é banca e a dela é peta, né?
- Filho, pelo amor de Deus, a gente não pode ficar falando essas coisas.
- Ixi, esqueci. Não pode falar peta, né? É nega.
Se o trem não estivesse em movimento, eu teria pulado da janela.
- Pare com isso, Vivi. Respeite a intimidade da mocinha - repreendi.
- Só quero ver se aquele negócio que faz xixi é igual ao da Clarinha, mãe.
Pausa para uma explicação. Clarinha é a minha afilhadinha de nove meses, cujo ofício de babá já foi exercido pelo protagonista deste post.
Meio desconcertada com a observação, tentei desconversar dizendo que não eram iguais, que cada uma tinha a sua. Antes eu tivesse dito que eram idênticas. Mais que depressa e em alto e bom som, ele completou:
- Ah, sim! A da Clarinha é banca e a dela é peta, né?
- Filho, pelo amor de Deus, a gente não pode ficar falando essas coisas.
- Ixi, esqueci. Não pode falar peta, né? É nega.
Se o trem não estivesse em movimento, eu teria pulado da janela.
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