terça-feira, 29 de abril de 2014

Escatologias masculinas

Ministério das Boas Maneiras adverte: se você tem estômago fraco, não termine de ler esse post.

Os três chegaram à fase do campeonato de arroto. Sim, é isso mesmo. Já conversei, gritei, apelei, castiguei e nada, nada faz com que eles abandonem o mau hábito. Outro dia, João soltou um longo e sonoro brrrrrrrrrr. Quase morri:

- Meu filho, pelo amor de Deus, isso é horrível!
- Quê que tem, mãe? Acabei de comer molango.
- Ninguém quer saber o que você comeu. Muito menos ouvir essas nojeiras. 
- Não é nojeila, é delícia! Faz pra você ver. 

Por que eu não tive meninas?

segunda-feira, 28 de abril de 2014

domingo, 27 de abril de 2014

Recordar é viver

O tio pediatra e minha comadre foram a um casamento no sábado à noite. Perguntaram se eu não poderia ficar com a tropinha deles, o Ivan e a Clarinha. Claro! Quem cuida de três, cuida de cinco. 

Chegaram às sete horas. Tudo começou muito bem. Ivan e Davi, amigos inseparáveis, brincaram até. Clarinha, a doçura em forma de bebê, não deu trabalho nenhum. Até o cair da noite. 

Já tinha me esquecido de que bebês fazem cocô dormindo. E que trocar fraldas de madrugada chega a ser um esporte. Também tinha esquecido como o leite materno demora a descongelar em banho maria. E que bebês de cinco meses têm um reloginho na barriga que apita pontualmente a cada duas horas. 

Outra coisa que tinha apagado da mamória é que o choro de um acorda o outro. E que é melhor passar a noite em claro e evitar que o resmungo vá para frente do que deixá-lo se transformar em sinfonia coletiva.

O dia finalmente amanheceu. Às seis da matina, todos os cinco estavam com a carga completa (menos eu, é claro). Hora de alimentar a tropinha, que tinha a fome de quem voltava da guerra. Sem carrinho ou bebê conforto, o jeito foi encarar a cozinha com a bonequinha no colo. Quando o braço pedia penico, as crianças de quatro anos deixavam de ser crianças e viravam ajudantes.















 


Hora das brincadeiras. Bola para um, lápis e papel para o outro, historinhas para o terceiro, vídeo game para o quarto e muito colo e saculejo para a quinta. Fruta, suquinho, fraldas e mamadeiras. Banho para todos.Ao fim da temporada, eles estavam limpos, alimentados e felizes. 

Eu estava um trapo, como nos velhos tempos. Interessante como a nossa memória é mesmo seletiva. Acho que é instinto de preservação. Não sei como sobrevivi a dois bebês e uma criança pequena. 

A breve temporada com os cinco me fez admirar ainda mais a minha mãe, que deu conta de cinco, sozinha, a vida inteira. Mãe é um trem sagrado, gente. Devia durar para sempre. Hoje, sou mãe e madrinha. Tomara que eu possa ser tão competente quanto ela. E que eu chegue aos 50 bonitona e inteira como ela. E que eles saibam reconhecer isso muito antes do que eu soube. Tomara.  


sábado, 26 de abril de 2014

Precavido

 
Antes da faxina semanal, que inclui um belo trato nas orelhas, Davi adverte:

- Mãe, cuidado para o cotonete não arranhar meu cébelo.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Investimento

- Mãe, hoje tem feira do livro na escola. Tem um lá que eu tô querendo muito, custa 15 reais. Vou comprar com meu dinheiro, tá?

Tem preço?

Coisas de mãe

O frio está começando a chegar. Na semana passada, fui pega desprevenida e fiquei batendo queixo no trabalho. Num dado momento da tarde, o incômodo ficou tão grande que não resisti, dei uma escapolida na rua para comprar blusa de frio. 

Comprei três, uma para cada um deles. 

Ato falho

Existe um joguinho de vídeo game cujo personagem, até onde eu entendi, vai perdendo a saúde à medida em que o jogador erra os movimentos. Parece que o pobrezinho vai minguando e acaba morrendo antes de chegar à fase final. Eu sei, isso é horrível. Para o meu desespero, o baixinho-grande tem gostado bastante desse jogo. Certo dia, preocupado com o seu desempenho, ele desabafou:

- Ah, não, errei de novo! Isso acaba com a minha saúde.

Puro ato falho. 
Vídeo game, estou de olho em você. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Adivinhe quem somos?



 















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E para o mundo!
S2

terça-feira, 22 de abril de 2014

Aumentando a prole

Gente, me abana! 
Vou ter um treco!!!
Acabo de saber que vou ser titia de novo!


Clara, Ana e quem mais chegar
vocês enchem meu coração de amor!


Sermão de filho

Queimei o braço no forno do fogão. Não bastasse a dor da queimadura, teve também a dor do sermão do João, que me lembrou de todos os perigos da cozinha. 

Não sei o que doeu mais.



Rito de passagem

Eis que o baixinho agora é, oficialmente, uma criança grande. Ganhou do seu ídolo, aquele que tem 28 anos por fora e 8 por dentro, um álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Ganhou também umas figurinhas repetidas, que deram o pontapé inicial às mais de 630 que o acompanharão até o fim da coleção. 

Atentamente, ele ouviu as dicas sobre como manusear a preciosidade e fazer negócio com os coleguinhas. Figurinha rara vale mais. As mais comuns podem ir para o tapão, sem dó. 

Entusiasmado, foi à banca e, com o seu rico dinheirinho, comprou todo o estoque disponível. Logo de primeira, ganhou o goleiro Júlio César, raridade que nem o ídolo tem. Demonstrando que é bom de jogo, propôs: 

- Zé, te vendo por quatro reais. 
- Quatro reais, não. Troco por outras figurinhas. 
- Quantas?
- Quatro.

Nada feito. 
Orgulhoso, colou o seu troféu. 
Ele não está de brincadeira. 
Fernando Sabino, homem de canivete, certamente o endenderia. 

Mais respeito, seu moço.
Agora ele é um menino com álbum de figurinhas. 


Só as mães entenderão

No restaurante, os baixinhos-pequenos foram se divertir no brinquedo. O grande não quis ir, parece ter chegado à fase em que ser visto brincando com crianças menores pode provocar graves ranhuras à reputação. 

De longe, fiquei acompanhando a desenvoltura da duplinha junto às outras crianças. Eles são praticamente celebridades. Talvez porque sejam iguais. Talvez porque sejam lindos e fofos. Talvez porque sejam irmãos do baixinho-grande. 

Logo, veio o Vivi: 

- Pedo, quantos anos você tem mesmo?
- Sete. 

Ele voltou correndo para o aglomerado de menininhas e, todo orgulhoso, respondeu a pergunta que não queria calar:

- Meu irmão tem sete anos.

Prefiro não comentar sobre os suspiros que surgiram na sequência.

Sabe, gente?
A dor no coração chega a ser física. 
Não sei se sobrevivo aos próximos capítulos.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Falta de couro

Depois de um dia daqueles, finalmente me preparo para o sono dos justos e desabafo: 

- Hoje, eu cansei...

O baixinho-grande solta um suspiro profundo e arremata: 

- Imagine eu, então. 

É muita falta de couro, não?

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Entrelinhas

- Mãe, por que você anda sempre com pressa?
- Porque eu sou gente grande, Pedro. 
- Gente pequena, você quer dizer, né?
- Engraçadinho.
- Você é grande só na idade. 

Já tá bom, meu filho. 
Pode parar por aí. 


Construindo valores

O baixinho-grande ganhou mais um lego para a sua coleção. A caixa do brinquedo sugeria a montagem de dois carrinhos. Mas, depois de muito pensar, ele decidiu mudar de construção: 

- Acho que vou juntar essas peças com as outras que eu tenho e fazer uma casa. Não adianta ter carro sem garagem, né?

Gostosuras de João

- Mãe, lembra aquele dia que a gente foi no sumercado?
- Lembro. 
- Lembra que tinha uma cadeira estampalente?
- Lembro. 
- Será que se eu sentar nela eu fico invisivo?

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Diálogo

- Alô, tio André?
- Oi, quem tá falando?
- É o Davi.
- Oi, Vivi. Tudo bem?
- Ahã. Aqui, você pode trazer o Ivan na minha casa?
- Peraí, converse aqui com o seu primo. 

...

- Oi, Ivan. É o Vivi. Vem na minha casa brincar comigo? 
- Brincar?
- É. De lobo. 
- Tá. 

Um tem quatro anos. O outro, dois. 
Com eles, a certeza de que já são gente. E amigos. 

Padecendo

Bom dia para você que acordou com todo humor do mundo depois de dormir quase nada porque tinha que ajudar o seu baixinho a fazer o delicioso para casa abaixo:

"Com a ajuda de um adulto, faça um trabalho seguindo esse roteiro: em uma linha do tempo, escreva o ano do seu nascimento e os anos seguintes até 2014. Em cada um dos anos, escreva qual era a sua idade, suas características e o que você mais gostava de fazer. A linha do tempo pode ser apresentada em cartazes ou outras maneiras bem criativas. Use desenhos, exames (ultrassom (!)) ou fotos para ilustrar o seu trabalho.

Você irá preparar uma caixa de memórias para enriquecer a sua linha do tempo. Ela se chama assim porque irá conter objetos que representam a sua memória ao longo da sua história. Lembre-se de saber a história de cada objeto para contar aos colegas." 

Ao fim da atividade, o baixinho diz, satisfeito:

- Foi o para casa mais legal de todos, né, mãe?
Ahã - respondo com um sorriso amarelo.

Nossa Senhora das Mães dos Filhos em Idade Escolar, em nome de tudo o que há de mais sagrado, recupere as minhas forças para o próximo. Amém.  

A letra bonita é da tia Binha, que, apesar de ser médica,
tem a caligrafia mais maravilhosa de todas


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Aflições de João


- Mãe, ana fazenda, eu rolei sem camisa e a gama me picou todinho. 


Vivendo e aprendendo, né, filho?


Gostosuras pela manhã

Visto o uniforme cinza de sempre e me preparo para trabalhar. Vivi acorda, esfrega os olhinhos e diz, com a voz rouca e manhosa:

- Você está tão linda, mãe!


Ai, ai...

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Remédio

- Tenho que passar a dormir todas as noites com você, mãe.
- Por que, Vivi?
- Se eu tiver com você e começar a ficar doente, a doença vai embora rapidinho. 



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Solução

No carro: 

- Mãe, por que você está dançando?
- Porque estou morrendo de vontade de fazer xixi, Pedro.
- E o trânsito tá muito ruim, né?
- Péssimo. Acho que vou explodir. 
- Por que você não faz na garrafinha?

É que me faltam acessórios, filho. 


terça-feira, 1 de abril de 2014

Desaforo



O baixinho-grande agora deu para limpar a bochecha quando ganha beijo meu. 

Sete anos, seu atrevido, você sabe com quem está falando?