terça-feira, 25 de abril de 2017

O super sincero

João andou fazendo terapia devido a uma agressividade mal canalizada. Expliquei que aquelas sessões eram para ajudá-lo a trabalhar melhor com o sentimento de raiva. Ele, resignado, entregou-se ao tratamento e conquistou avanços que lhe garantiram a alta em alguns meses.

Ontem, para a minha surpresa, ele veio pedir:

- Mãe, eu quero voltar pro psicólogo.
- Por que, meu filho?
- Tem umas horas que eu tenho muita vontade de bater nas pessoas.


Quem nunca?


sexta-feira, 21 de abril de 2017

Telefone sem fio

Na estrada, apontei para o horizonte e puxei papo com a turma entendiada:

- Olha lá, gente, um foco de queimada!

Todos imediatamente grudaram na janela. Não demorou nem um segundo para o baixinho-grande me desconstruir, debochado:

- Mãe, não é queimada, é uma lâmpada.

Davi, que sempre se desequilibra quando pega o bonde andando, interrompeu as confabulações:

- Não estou entendendo nada, gente. Uma lâmpada queimada?


sexta-feira, 7 de abril de 2017

Dramático



Davi veio mostrar um corte no dedo feito pelas folhas fininhas do livro de ciências.

- Mãe, esse livro é muito do mal! Ele corta a gente e faz o espírito do dedo sair.


quarta-feira, 5 de abril de 2017

Ato falho

Tenho tentado ajudar o João a melhorar a letra, que está de doer. Pego na mãozinha dele e vou,
lentamente, refazendo os traçados da maneira correta e obedecendo os limites estabelecidos pela pauta, que ele insiste em ignorar.

Outro dia, percebendo que o pouco caso com a caligrafia continuava dando o ar da graça, dei uma dura daquelas e pedi que ele se esforçasse mais. A resposta veio em forma de ato falho:

- Mãe, eu estou se forçando, você não está vendo?


segunda-feira, 3 de abril de 2017

Socorro

Chegou a primeira leva de prova corrigida da duplinha e eu só tenho uma coisa a pedir: reze por mim.