Novo melhor amigo

A sensação do fim de semana foi o Lucas, porquinho da índia que a tia Gabi ganhou. O pequeno gostou tanto do bichinho que o incluiu nas orações para o Papai do Céu:

- Proteja a mamãe, o papai, os irmãozinhos, o Lucas e todo mundo que eu amo.

De manhã, ao invés do tradicional bom dia, veio a pergunta:

- Mamãe, será que o Lucas está bem?

E passou o dia agarrado à bolinha peluda.

Talvez seja hora de dar um animalzinho pra ele.

Mas, como, se eu já tenho três filhos?

Coitado do anjo da guarda...

Depois da segunda queda em três dias, decidimos arredar a cama para a parede e colocar um colchão no chão, do outro lado. Não demorou para o pequeno descobrir o parque de diversão montado no quarto. Com a cara mais sapeca do mundo, perguntou:
- Mamãe, posso fazer o irmãozinho cair devagarinho?

De folga

Na próxima sexta-feira será feriado para o servidor público de Betim. Com o recesso do início da semana que vem, serão cinco dias seguidos de folga. Pensei em viajar e, enfim, perder a cor de lagartixa de apartamento. Mudei de ideia quando descobri que não haverá recesso na escola dos pequenos. Fiz as contas: dois dias, manhã e tarde, sem trabalho e sem chefes. Viajar pra quê? Vou tratar de dormir, ir ao salão, ver filmes, ficar de bobeira...

Vou me lembrar do tempo em que era só eu.

Bem menos ocupada.

Bem menos cansada.

Bem menos realizada...

Não queria, mas já que caiu...

Ontem foi a vez de o Davi cair da cama. Bateu o cucuruco no chão. Foi um corre-corre danado. Depois de contornada a situação, o pequeno reclamou, todo dodói:
- Não gostei.
- É, filho, cair da cama não é nada legal.
- Não, mamãe. Não gostei porque vocês tiraram o irmãozinho do chão muito rápido, não deu nem pra ver ele caído.

É impressão minha ou tinha uma pontinha de sadismo no comentário dele?

...

Esta noite acordei pra ver vocês dormindo. Pensei em como tudo aconteceu rápido. Ontem eu estava grávida. Hoje, somos quatro. Vendo vocês assim, como anjinhos, percebo o quanto sou privilegiada. Já nem me lembro como era a vida sem vocês.

Que voem por todo o mar,

e voltem aqui,

pro meu peito

Cara de um, focinho do outro

Tinha esperança de que, com o nascimento dos dentinhos, eu pudesse parar de chamá-los de "esse aqui" e "aquele lá". Mas na última consulta com o tio-pediatra recebi a notícia de que os dois dentinhos de baixo vão nascer ao mesmo tempo. Nos dois.

Ai, sina!

Brincadeiras masculinas

Estávamos os quatro brincando no quarto, até o pequeno começar a pedir disfarçadamente para que eu saísse. Fiz de conta que não entendi. Ele insistiu.
- Afinal, Pedro, por que você quer ficar sozinho com os irmãozinhos?
- É que eu quero brincar de lutinha com eles...

Deus me proteja nesse reino masculino.
Já imaginou o que me espera? Campeonato de arroto, concurso de pum, arremesso de meleca e outras coisas perigosas e escatológicas...
Ai, ai...

Dormir pra quê?

Se anteontem o baixinho não quis nem rezar, ontem ele lutou bravamente contra o sono. Tentei arrastá-lo para a cama a todo custo, mas recebi a seguinte resposta de troco:
- Tô com sono, não, mamãe. Minha boquinha nem tá abrindo ainda... (bocejo, kkkkk)

Enganando o Papai do Céu

Ontem, antes de dormir, o pequeno procurou o cantinho de sempre, se escondeu debaixo das cobertas e se rendeu à preguiça. Não quis nem rezar. Adverti:
- O Papai do Céu tá vendo tudo.
- Não tá vendo nada. Eu tô escondido no cantinho, Ele não vai me achar...

Nem tudo está perdido

Preciso parar de reclamar.
Podia ser muito pior, já pensou?

Pernilongo guloso

O pequeno amanheceu com o rostinho todo pintado de vermelho. Nove manchinhas ao todo. Catapora, pensei. Logo fiz as contas: um com catapora, três com catapora. Levei para o tio-pediatra ver:

- Que nada, isso tá mais parecendo picada de pernilongo.

- Mas esse pernilongo está muito guloso, não acha?

- É que tem algumas picadas que reativam as outras.

Fui embora torcendo para o tio-pediatra ter razão.

Se eles tiverem que ter catapora, que seja pelo menos depois da vacina. Afinal, catapora em dose tripla deixa qualquer mãe doente...

Algumas pedroquices

- "pocuntador" (computador)
- "sacote" (pacote)
- jogo da "memórica"
- pasta de dente de "futi futi"
- "cocovelo" (cotovelo)
- "cajuticaba" (jabuticaba)
- "kepchup" (ketchup)
- "cergo" (morcego)
- "suquilis" (sucrilhos)
- "sirênia" (sirene)
- "sinômino" (sinônimo)
- "ominhoco" (dorminhoco)
- "teteca" (peteca)
- "penenoso" (venenoso)
- "supermarino" (submarino)

Tem coisa mais guti guti que filho trocando as letrinhas?

Contando nos dedos

O pequeno veio todo-todo dizer que já sabe contar até dezenove. Perguntei o que vinha depois do dezenove. Meio desconfiado, ele respondeu:
- Dezedez, ué.

Dia das crianças conscientes

Levamos o pequeno à loja de brinquedos. Limitamos o acesso às prateleiras mais caras e o deixamos à vontade. Para a nossa surpresa, ele escolheu o menor e mais barato.
- Pode escolher um maiorzinho, filho.
- Não, mamãe, eu quero esse aqui.
- Mas esse é muito simples.
- É que os outros custam muito dinheirinho.
- Não tem problema, filho, só hoje pode.
- Não precisa, mamãe.
E insistiu no pequenininho. Ficamos com a consciência tão pesada que acabamos mostrando alguns de preço intermediário. Nada. Uma hora depois, já tínhamos circulado por toda a loja e oferecido os mais caros.
Ele foi embora feliz da vida com a sua lembrancinha.

Acho que estou exagerando nesse negócio de mostrar pra ele o valor do dinheirinho.
Ou ele é quem está levando a sério demais esse papo de ser rapazinho consciente.

Meu par perfeito

Ontem fomos a um casamento com um monte de gente chique e elegante. O pimpolho era um dos mais lindos, é claro. A mamãe também caprichou no visual, só se esqueceu de que vestido de alcinha não combina com frio. O pequeno nem quis saber:
- Mamãe, vem brincar comigo.
- Não, filho, a mamãe tá com muito frio.
- Pode deixar que eu te esquento.
E agarrou minhas pernas como se quisesse me passar todo o calor do mundo.
Fiquei com dó e resolvi brincar.
Para a minha surpresa, ele não quis correr ou brincar de esconde-esconde.
Só queria desfilar por aí com a mamãe só pra ele...

Meu herói

- Mamãe, não quero mais ser bombeiro.

- E você vai ser o quê, filho?

- Policial.

- Por que?

- Porque só os policiais podem usar armas.

- E por que você quer usar armas?

- Para proteger as pessoas dos bandidos que roubam coisas.

- Mas eu tenho medo de bandidos e de armas.

- Não se preocupe. Estou aqui para protegê-la.

Mulher no volante...

O pequeno foi ajudar a tia Binha a fazer compra no supermercado. Logo percebeu o drama para estacionar. Ela tentou, tentou, tentou... acabou que o tio Zé é que teve que manobrar. O pequeno, depois de assistir a tudo calado, desabafou:
- Zé, só homem é que sabe estacionar, né?

Banana? Eca...

- Mamãe, faz uma vitamina pra mim?
- Claro, filho, de quê?
- De leite mesmo.
- Pode colocar banana?
- Não, senão fica muito bananenta.

E torceu o nariz como se banana fosse jiló.