segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pela culatra

- Mãe, quando será a festa?
- Que festa, filho?
- A festa porque eu passei na prova.
- Quem falou que vai ter festa?
- Você, ué.
- Não, senhor. Não falei em festa, falei em comemoração.
- Então.
- Então o quê?
- Comemorar é sinônimo de festejar. E festejar vem de festa.

Bem feito pra mim.
Quem mandou fazer tanta festa por causa de uma aprovação?

Vestibulinho

Após dez dias de muita ansiedade, finalmente saiu o resultado do primeiro vestibulinho do baixinho-grande. Liguei cedinho para a escola:

- Secretaria, bom dia.
- Oi, bom dia. Por favor, gostaria de saber o resultado do teste de seleção. 
- Qual é o nome da criança?
- Pedro Lacerda.
- Para qual ano ele vai?
- Segundo.
- Um minuto, por favor.

Depois de uma cruel e interminável espera de alguns segundos: 

- Alô?
- Oi, estou aqui.
- Ele foi aprovado.
- Passou???
- Sim, parabéns.
- Passou mesmo?
- Sim.
- Sério, moça?
- Claro.

Claro.
Claro que ele passaria. Claro que ele merece. Claro que é a primeira de muitas vitórias. Claro que ainda estou chorando. Claro que a tremedeira vai parar um dia. Claro que liguei imediatamente para ele. Claro que gritamos juntos. Claro que vamos comemorar. Claro que o orgulho que sinto por ele é maior do que eu. Claro que o amigo leitor perdoa a histeria dessa mãe babona.
Claro.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Feliz dia de São Cosme e Damião!




 

Adolescendo

O ritual da noite inclui uns minutinhos de desenho animado antes de dormir. A televisão já fica até no canal preferido da patota. Pelo menos, ficava:

- Desenho de novo?
- Qual o problema, Pedro?
- É que a gente assiste desenho desde que nasceu.
- Mas vocês adoram esse desenho.
- Eu não gosto mais.
- Parou de gostar assim, de uma hora para a outra?
- Parei.
- O que você quer ver, então?
- SporTV.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Jornada tripla

O baixinho-grande deliberando sobre questões trabalhistas:

- Mãe, policiais trabalham de dia e de noite?
- Não, filho. Os policiais que trabalham de dia dormem de noite. E vice-versa.
- Achei que eles sempre ficavam acordados.
- Ninguém dá conta de trabalhar assim, sem dormir.
- Você dá.
- Não, meu bem. Eu só trabalho de dia. De noite eu cuido de vocês.
- Por isso mesmo.

Nesse caso, para quem peço aumento de salário? 


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Popular

Luan, fiel escudeiro do baixinho-grande, grita do portão da escola:

- Tchau, Pedro! Depois eu te ligo pra gente combinar, tá?

Oi?

domingo, 22 de setembro de 2013

Apuros

- Mãe, papai noel existe mesmo?
- Por que essa pergunta agora, filho?
- Fale a verdade, existe ou não existe?
- Claro que existe.
- Como ele sai da casa da gente?
- Pelo mesmo lugar que entrou, ué. 
- E no shopping, ele fica lá mesmo?
- Fica, você não tirou foto com ele?
- Poderia ser alguém fantasiado. 
- Com aquela barba de verdade?
- E as renas, onde estavam?
- Estacionadas. Rena pode entrar em shopping?
- Mas, não tinha nenhuma rena do lado do nosso carro. 
- Elas têm um estacionamento só de renas.
- Sabe o que é, mãe? TODOS os meus amigos falaram que papai noel não existe. São os pais e as mães que colocam os presentes nas árvores. E mais. Disseram que coelhinho da páscoa também não existe. 

E agora, José?

sábado, 21 de setembro de 2013

Amizade

 










O baixinho-grande voltou super confiante da prova de seleção da escola grande. "A professora dava as respostas já nas perguntas, mãe", contou, demonstrando que já está tirando de letra a interpretação de textos e enunciados. Ele fez o teste na mesma sala que a Júlia e o Luan, amigos inseparáveis desde o berçário. Na saída, eles se abraçaram e combinaram:

- Vamos fazer faculdade juntos. 

Faço muito gosto, crianças.


Ansiedade

A poucas horas do primeiro vestibulinho:

- Mãe, tô sentindo uma coisa esquisita na barriga. 
- O nome disso é ansiedade, filho. 

Muito prazer.
Só que não.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Cromossomos Y

Estávamos os quatro presos em um engarrafamento. De repente, o carro foi invadido por um gás altamente tóxico, que parecia ser proveniente de uma bomba de efeito moral. Desesperada, comecei a abrir os vidros:

- Quem soltou esse pum horroroso?

Rapidamente, o primeiro respondeu:

- Eu!!!

O segundo contestou:

- Não, fui eu!

O terceiro entrou na disputa:

- Não foi nenhum de vocês. Esse cheiro é meu.

E a única certeza que me restou foi a de que não fui eu.
Cromossomos Y, por que fazem isso comigo?


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Amor maior que eu

Por uma mãe
(autor desconhecido)
 
Ele é o nó no meu cabelo.
O esmalte descascado na minha unha,
as olheiras no meu rosto....

Ele é o brinquedo na gaveta de roupas,
o amassado nas páginas do meu livro,
o rasgado no meu caderno de anotações.
Ele é o melado no controle remoto,
o canal de televisão,
o filme no DVD.
Ele é o farelo no sofá,
As tesouras no alto.
Ele é o backup no computador,
o mouse escondido,
as cadeiras longe da janela.
Ele é a marca de mão nos móveis,
o embaçado nos vidros,
o desfiado nos tecidos.
Ele é o ventilador desligado,
a porta do banheiro fechada,
a gaveta da cômoda aberta.
Ele é o coque na minha cabeça,
o amarrotado nas roupas,
as frutas fora da fruteira,
os panos de prato amarrando os armários.
Ele é o meu shampoo cheio de água,
a espuma no chão do banheiro,
o brinquedo dentro da privada.
Ele é o interruptor nas tomadas.
Ele é o peixe no aquário,
a árvore de natal,
os "pisca-pisca" de todas as casas.
Ele é o círculo, o susto....
A primeira visão da lua no começo da noite....

O valor do trabalho, a vontade de aprender,
a minha força,
a minha fraqueza,
a minha riqueza.
Ele é o aperto no meu peito diante de uma escada,
a ausência de sono diante de uma febre.
Ele é o meu impulso, o meu reflexo, a minha velocidade.
O cheirinho no meu travesseiro,
o barulho,
a metade,
o azul.
Ele é o vazio triste no silêncio de dormir,
o meu sono leve durante a noite.
Ele é o meu ouvido aguçado enquanto durmo.
A minha pressa de levantar da cama,
a minha espera de bom dia.
Ele é o arrepio quando me chama,
a paz quando me abraça,
a emoção quando me olha.
Ele é meu cuidado, a minha fé,
o meu interesse pela vida,
a minha admiração pelas crianças,
o meu respeito pelas pessoas,
o meu amor por Deus.
É o meu ontem,
o meu hoje,
o meu amanhã.
Ele é a vontade,
a inspiração,
a poesia.
A lição, o dever.
Ele é a presença, a surpresa
a esperança.

A minha dedicação.
A minha oração.
A minha gratidão.
O meu amor mais puro e bonito.
A minha vida!


 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Carência

- Mãe, posso dormir com você?
- Por que, João? Você está doente?

Pausa para uma explicação:

Só dorme na cama da mamãe quem estiver terrivelmente doente. É a regra nº1 do Manual Salomônico das Mães de Três.

Voltemos à reivindicação:

- Sim, estou muito doente.
- O que você tem?
- Soluço.

Ai, meu coração...

Programa do teste de seleção do baixinho-grande:

Língua Portuguesa:
  • Prática de leitura e literatura: localizar informações explicitadas em um texto, sabendo extrair informações subentendidas e estabelecer relações de inferências; reconhecer e compreender diferentes gêneros textuais de acordo com seu objetivo e algumas características de sua linguagem.
  • Produção de texto: produzir texto referente a um determinado gênero (conto, poema, anúncio ou bilhete) com coerência e coesão; reconhecer rimas em final ou início de palavras; reconhecer a ortografia como sistema regular e convencional que estabelece um padrão para a produção textual escrita.


Matemática:

  • Números e operações: reconhecer, identificar, nomear e representar o campo numérico até 100; classificar, seriar, ordenar quantidades utilizando desenhos ou numerais; registrar situações problemas com desenhos ou números; aplicar o cálculo mental em situações matemáticas, identificar regularidades do sistema de numeração.
  • Tratamento da informação: ler, interpretar, estimar e descrever dados e informações matemáticas disponibilizadas em gráficos ou tabelas; resolver situações matemáticas utilizando dados a partir de gráficos ou tabelas.




Não quero mais fazer o teste no lugar dele. Acho que eu não passaria...

:(

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Vida que segue

Primeiro dia de aula do Nemo, em Procurando Nemo
Meu coração de mãe tá pequenininho. Daqui a alguns dias, o baixinho-grande vai fazer o seu primeiro teste de seleção. Vai deixar para trás o pedacinho do céu onde estudou boa parte da vida para encarar os desafios de uma escola grande. Turmas cheias, gente de todo tipo, avaliação de desempenho, mochila pesada...
Um mundo novo de alegrias e frustrações.

Eu sei, foi assim com todo mundo.
Eu sei, ele está crescendo.
Eu sei.
Mas...
Posso ir no lugar dele?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Homens...

- Mãe, deixa eu levar meu guarda chuva novo para a escola?
- Por que, Pedro? Nem parece que vai chover.
- Nunca se sabe.
- Mas você não precisa de guarda chuva na escola. Lá é coberto.
- Não, tem uma parte perto do banheiro e do bebedouro que é descoberta.
- É só encher sua garrafinha de água antes da chuva.
- E se eu tiver apertado para ir no banheiro?
- Espera a chuva passar.
- Mas você não disse que faz mal segurar xixi?
- Faz mal, mas não mata. Um dia ou outro, tudo bem.
- Então você está falando que eu posso segurar xixi?
- Não. Se você estiver apertado demais, vai na chuva mesmo.
- E se eu me molhar inteiro e ficar doente?
- Ai, Pedro, que drama! Fala a verdade, por que você quer tanto levar seu guarda chuva?

Ele, sem graça, confessou:

- É que ele é do homem aranha, o Luan tem que ver...

Homens, tsc, tsc...

domingo, 8 de setembro de 2013

Super poderes

Eis que agora sou a feliz mamãe de três reikianos.
Eles fizeram um curso de reiki kids e estão disparando bolinhas de luz para todo lado. Ok, confesso que fazem isso imaginando que são power rangers, entoando os mantras como se fossem gritos de guerra.
Tudo bem. Subvertamos a ordem e consideremos que o que vale é o fato, não a intenção.

Nesse exato momento eles estão mandando bolinhas de luz pelo computador.

Chegaram aí?


sábado, 7 de setembro de 2013

Crise dos três anos

João acorda às 6h20 e dá um pulo da cama:

- Vamos brincar, gente!
- Calma, filho, que pressa é essa?
- É que eu tô ficando velho.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sindicato das Mães sem Noras

Ok, eles estão crescendo.
Sim, eles vão querer namorar um dia.
Não, não me acostumo com isso.

De tanto sofrer por antecipação, nasceu a brilhante ideia:
Sindicato das Mães sem Noras

Missão: Preservar nossos tesouros de toda e qualquer investida feminina.

Visão: Oferecer o melhor colo do mundo para todo o sempre.

Valores: protecionismo, maniqueísmo e corujismo.

Diretrizes: "os fins justificam os meios"
            "tudo o que fazemos é para o seu bem"
                    "só nós sabemos o que é melhor para vocês"


Não é genial?
Interessadas, favor entrar em contato.
Juntas venceremos!

















. . .

Mas, porém, no entanto, contudo, todavia,
caso exista alguma remota possibilidade de uma oportunista qualquer conseguir se aproximar, achei na internet os seguintes princípios que podem ser úteis a todas nós:

1) Vocês podem até ser princesas, mas não se esqueçam de que somos rainhas.
2) Não toquem nos nossos filhos na nossa frente.
3) Tenham muito medo de nós.
4) Se fizerem nossos filhos chorarem, vamos fazer vocês chorarem ainda mais.
5) Não mintam para nós. Se nós lhes perguntarmos algo, vocês têm apenas uma chance de dizer a verdade.
6) Nossos filhos foram criados para não desrespeitarem as mulheres. Nós, não.
7) Nossos filhos sempre escolherão a nós do que a vocês. Contentem-se.
8) Eles não são brinquedos. Portanto, não troque-os ou quebre-os.
9) Se querem fazer parte das nossas famílias, sempre nos deem razão.
10) Barriga de fora e roupas vulgares não entram em nossas casas.

E temos dito!
Vai encarar?






Sempre a postos



domingo, 1 de setembro de 2013

Banho de gato

A mamãe decidiu levar os baixinhos para um passeio pelo mato bem no dia em que a Copasa anunciou uma queda no abastecimento de água. Resultado: três porquinhos sem banho no fim do dia. Para a consciência doer menos, propus um banho de gato com lenço umedecido antes de dormir. O baixinho-grande gostou da ideia:


- Pode começar.
- Começar o quê?
- A me lamber, ué.