A mamãe se empolga com a música que toca no rádio e começa a dançar. O baixinho observa a cena de rabo de olho. Delicado como a pata de um elefante, pergunta:
Hoje foi dia de teatro. Fomos ver os Três Porquinhos, uma das historinhas preferidas da turma. Foi a estreia de João e Davi, que se comportaram exemplarmente na plateia lotada de crianças agitadas.
O prêmio de melhor ator coadjuvante foi para o Davi, que roubou a cena ao deixar cair uma lágrima dos olhinhos hipnotizados pela performance do lobo mau.
Um a um, eles vêm se assentar no meu colo. Primeiro, o grande. Depois, um pequeno. O outro pequeno, já sem espaço, pede aos irmãos: - Abe a roda. Espreme daqui, aperta dali... Afinal, colo de mãe é como o coração: sempre cabe mais um.
Depois do último machucado sangrento, decidi levar os três à Dona Julinha, benzedeira de mão cheia. Curioso, o baixinho quis saber o que aconteceria. Respondi:
- Nada demais, filho, ela só vai rezar vocês. - Mas por que temos que fazer isso? - Para vocês ficarem mais quietinhos e pararem de se machucar.
Logo após a benzeção, ainda na casa da Dona Julinha, o baixinho se desequilibrou de um murinho e ralou o joelho. Desapontado, protestou:
- Você não falou que a gente não ia machucar mais?