domingo, 27 de abril de 2014

Recordar é viver

O tio pediatra e minha comadre foram a um casamento no sábado à noite. Perguntaram se eu não poderia ficar com a tropinha deles, o Ivan e a Clarinha. Claro! Quem cuida de três, cuida de cinco. 

Chegaram às sete horas. Tudo começou muito bem. Ivan e Davi, amigos inseparáveis, brincaram até. Clarinha, a doçura em forma de bebê, não deu trabalho nenhum. Até o cair da noite. 

Já tinha me esquecido de que bebês fazem cocô dormindo. E que trocar fraldas de madrugada chega a ser um esporte. Também tinha esquecido como o leite materno demora a descongelar em banho maria. E que bebês de cinco meses têm um reloginho na barriga que apita pontualmente a cada duas horas. 

Outra coisa que tinha apagado da mamória é que o choro de um acorda o outro. E que é melhor passar a noite em claro e evitar que o resmungo vá para frente do que deixá-lo se transformar em sinfonia coletiva.

O dia finalmente amanheceu. Às seis da matina, todos os cinco estavam com a carga completa (menos eu, é claro). Hora de alimentar a tropinha, que tinha a fome de quem voltava da guerra. Sem carrinho ou bebê conforto, o jeito foi encarar a cozinha com a bonequinha no colo. Quando o braço pedia penico, as crianças de quatro anos deixavam de ser crianças e viravam ajudantes.















 


Hora das brincadeiras. Bola para um, lápis e papel para o outro, historinhas para o terceiro, vídeo game para o quarto e muito colo e saculejo para a quinta. Fruta, suquinho, fraldas e mamadeiras. Banho para todos.Ao fim da temporada, eles estavam limpos, alimentados e felizes. 

Eu estava um trapo, como nos velhos tempos. Interessante como a nossa memória é mesmo seletiva. Acho que é instinto de preservação. Não sei como sobrevivi a dois bebês e uma criança pequena. 

A breve temporada com os cinco me fez admirar ainda mais a minha mãe, que deu conta de cinco, sozinha, a vida inteira. Mãe é um trem sagrado, gente. Devia durar para sempre. Hoje, sou mãe e madrinha. Tomara que eu possa ser tão competente quanto ela. E que eu chegue aos 50 bonitona e inteira como ela. E que eles saibam reconhecer isso muito antes do que eu soube. Tomara.  


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