Análise do baixinho-grande durante a montagem do seu tão esperado brinquedo, cuja faixa etária vai de 8 a 14 anos:
- Mãe, ou o papai noel errou feio a minha idade, ou ele sabe que eu sou muito inteligente mesmo.
Meus Pimpolhos estão crescendo e achei que já era hora de ter uma página do Facebook só para eles.
Então, quem quiser acompanhar as pimpolhices também por lá, clique aqui, ó.
:)
- Alô, Kaka? - Oi, pai! Tudo bem? - Tudo, e você? - Também. Queria falar com o Pedro, ele tá aí? - Não, foi passar 10 dias com o pai. - Ah, que pena. Depois eu falo com ele. Beijo, tchau. Acho que a temporada de cinco dias fez amigos para a vida inteira.
Ontem foi a festa de fim de ano da escola dos baixinhos-pequenos. Para variar, dei um escândalo ao ver a performance dois como maquinistas na música O Trenzinho, de Toquinho. O baixinho-grande, meu companheiro de plateia, não hesitou em me repreender: - Mãe, você está descontrolada.
Eu também te amo, filho.
Hoje foi dia de a tropinha aparar a juba. E não é que o Davi disse que só sairia do salão se o cabelo dele ficasse igual ao do Neymar?
Filhinho, não é por nada, mas seu cabelo está mais para o seu xará David Luiz.
Vovô foi embora deixando a casa um brinco e o coração da gente cheio de saudade. Fiquei emocionada ao vê-lo partir de carro pela rua afora. Vivi, sensível que só ele, rapidamente percebeu o que se passava. E, com um abraço apertado, sugeriu:
- Mãe, pede para o papai do céu para você voltar a ser criança.
Quem me dera, filhinho.
Vovô está aproveitando a temporada na nossa casa para resolver absolutamente todos os problemas elétricos/hidráulicos do recinto, pendências que se acumulam quando o homem da casa é uma mulher. A maior contribuição foi ter colocado para funcionar a minha máquina que lava e seca, sonho de consumo realizado há alguns meses, mas fora de operação por falta de habilidade da dona para desenroscar a torneira por onde sai a água. Infelizmente, a alegria durou pouco. A bichana não funcionou nem por decreto. Dava um apito esquisito e empacava. Vovô tentou de tudo: leu o manual, conferiu as instalações, fez e refez o serviço. Até cair a ficha:
- Pedro, vai lá entre a máquina e a parede e confere num papelzinho que tem colado bem lá embaixo o número que está escrito.
Coube ao baixinho, prestativo, acabar com as minhas esperanças:
- 220 V, vovô.
Fuen, fuen, fuen, fueeeen...
Preparo uma sessão pipoca com um filme que assisto desde criança e proponho:
- É um filme da minha infância, acho que vocês vão gostar.
João, espirituoso, confirma:
- Que coincidência, é da minha infância também!
Vovô superou todas as expectativas no cuidado com a tropinha. Ao chegar, não contive o espanto ao vê-los limpos, calmos e felizes (O vovô, inclusive). João confirmou minhas impressões ao passar o parecer completo:
- Mãe, ninguém brigou e o vovô não precisou colocou ninguém pra pensar. E ensinou a gente a arrumar a cama e a fazer leite com toddy.
Cinco estrelinhas para você, vovô.
Mais uma barata invadiu o meu espaço. Dessa vez, foi atrevidamente parar dentro do meu armário. Ao descobrir a invasão, dei um grito e saí correndo. A tropinha prontamente se alistou para a guerra e voou chinelo para todo lado. Coube ao baixnho-grande consumar o fato. E, com ar de dever cumprido, debochou:
- Não sei pra que tanto escândalo. Só fez crack e saiu um caldinho.
Vou viajar no fim de semana e de novo surgiu o dilema: com quem deixar a tropinha? Com as titias fora de área, comecei a apelar para os amigos. Nada. Já no desespero, comentei a minha angústia com o vovô, que vai passar alguns dias em Belo Horizonte. Qual não foi a minha surpresa ao vê-lo, destemido e corajoso, apresentar-se para a missão?
Tomara que todos fiquem bem. Principalmente o vovô.
#oremos
Daí você descobre que seu irmão pediatra está bombando em um grupo de mães no facebook quando passa a ser reconhecida pelo sobrenome e usufruir da fama provocada pela linhagem pura dos Lacerdas. Sim, meninas. Como médico, ele é tudo isso mesmo. E sabem de uma coisa? É assim como irmão também. S2
Indicaram os baixinhos-pequenos para uma seleção de atores mirins da Globo. Estão precisando de gêmeos de 4 anos, louros e de cabelos enrolados. Vão fazer o Cauã Reymond criança em uma minisérie. Peraí que eu vou ali dar uma morridinha.
Eles comem chuchu, abobrinha, tomate, pimentão, alface, couve, rúcula, berinjela, brócolis, couve-flor, moranga, nhame, repolho, cenoura, cebola, alho poró, rabanete, acelga, beterraba e o que mais você der, até a ponta do cabo da vassoura.
A escola iniciou os preparativos para a mostra de artes e não funcionou hoje à tarde. Sem ter onde e com quem ficar, o baixinho-grande acabou tendo que ir trabalhar comigo. Decidi aproveitar o potencial da mão de obra e pedi que ele entregasse um documento no RH. Após ouvir atentamente as instruções, que incluía não correr e não falar alto, ele voltou com a carinha de dever cumprido e um papelzinho na mão:
A última moda lá em casa é fingir machucar o olho. Os três adoram fazer isso, acho que me ver desesperada faz parte da brincadeira. Outro dia, João se desentendeu com o irmão-igual e simulou um grave incidente. Jogou-se no chão, gritou, esperneou e disse que não conseguia mais enxergar. Eu, que conheço o meu gado, rapidamente manjei qual era a dele e determinei: - Filho, vai colocar o seu sapato. Vamos ao hospital. - Hospital? - Sim, vamos deixar o seu olho para consertar. - O que??? - Isso mesmo, o médico tira o seu olho, resolve o que está estragado e depois coloca no lugar. Se não tiver conserto, você fica sem olho mesmo. Como num passe de mágica, ele arregalou aqueles olhos azuis na minha cara e disse ter sarado. O que ele e os irmãos não sabem é que eu não tiro os meus dois olhos deles.
Nosso Miguel chegou. Veio antes da hora, apressado. Não mandou aviso, nem fez cerimônia. Queria viver e isso bastava. Isso, querido sobrinho, venha viver. A vida é muito boa para quem gosta dela. Você vai ver. :)
O que você faria se a dermatologista dissesse que seu filho vai precisar de um creme hidratante que custa 150 reais c-a-d-a vidro, o qual deve ser generosamente usado duas vezes ao dia em todo o corpo, para tratar a pele extra-seca por toda a eternidade? a) Começaria a rir na cara dela. b) Contaria qual é o saldo da sua conta bancária a partir da segunda quinzena do mês. c) Perguntaria como os filhos das mulheres que não têm condição financeira fazem. d) Assumiria que perebas podem ser praticamente a segunda pele de meninos levados e felizes. e) Todas as anteriores.
Só hoje, seis dias depois da primeira experiência dos baixinhos-pequenos na escola grande, é que me lembrei de uma cena que partiu o meu coração. Antes de entrar na salinha nova, Davi, aflito, pediu que eu anotasse o meu telefone na sua mão. Era como se estivesse procurando uma maneira de me levar com ele naquela viagem desconhecida. Anotei os números, dei um beijinho carinhoso e fechei a sua mãozinha. E assim, com a mãozinha fechada, ele permaneceu boa parte do tempo. Acho que ficou com medo de que tanto os números, quanto o beijo, escapulissem por entre os dedos. O que ele não sabe é que eu estou no mesmo barco, sentadinha à distância, vendo-o navegar pelos seus mares. E que amor de mãe não se esvai, só transborda.
Sabe essa imensidão à sua frente, filhinho? Não chega nem perto do amor que transborda em mim, por você.
A nova moda lá em casa é brigar para ver quem come as coisas por último para fazer vontade nos outros. Dia desses, peguei um baixinho-pequeno tentando acordar o irmão-igual com singelos pescotapas. Chamei a atenção: - Meu filho, deixe seu irmão dormir. Você gostaria que fizessem isso com você? - Ele não tá dormindo nada, mãe. Tá é fazendo hora pra tomar o leite dele depois da gente. - Claro que não, filho. Ninguém teria coragem de fazer uma coisa dessa. - Teria sim. Eu até já fiz.
Ontem foi dia de aula experimental dos baixinhos-pequenos na escola grande. Teve de tudo. Teve baixinho-pequeno dizendo que era muito pequeno para escola grande. Teve outro baixinho-pequeno dizendo que queria ficar lá para sempre. Teve baixinho-grande escapulindo da sala de aula para ver se os irmãozinhos estavam bem. Teve a mamãe com o coração apertado sem saber se está tomando a decisão certa. :/
O baixinho-grande chegou contando que foi mandado para a diretoria com mais três alunos. Parece que ele estava perto de um grupinho que ria do nome de uma colega. Antes que eu caísse para trás com o desfecho da história, ele tratou de esclarecer: - Mas tudo não passou de um mal entendido porque a própria vítima do bullying me inocentou e eu voltei para a sala. Nesses termos. Nossa Senhora das Mães Alfitas, multiplique minhas forças para os próximos capítulos. Amém.
A prova de que o baixinho-grande está grande demais para o meu colo veio do jeito que eu peguei na cacunda após levá-lo, dormindo, do sofá à cama. Oh, como dói.
O baixinho-grande contou com a ajuda de um irmãozinho para colocar fim à peleja do quinto dente mole. O método utilizado - um chute - foi um pouco questionável, mas funcionou que foi uma beleza.
A tropinha chega da escola absolutamente faminta. Enquanto o trio fica de molho, preparo um lanche super reforçado. Eles sentam-se à mesa e comem como se fosse a última refeição do mundo. Nada parece ser suficiente para conter o apetite das ferinhas.
Dia desses, depois de devorar vários tipos de pães, sucos, biscoitos e frutas, Davi perguntou:
- Pedro, você ficou com o meu celular por 15 minutos e encheu de joguinhos. Agora ele não para de apitar. - É só desinstalar, mãe. - Desinstalar o quê? - Os joguinhos, uai. - E como é que se faz isso? - Tá vendo como você precisa de mim?
Desde que os quatro mudamos para a casa nova, há quatro meses, recebemos a visita e revisita de alguns bons amigos. A gente improvisa banquinhos, come à francesa, se aperta aqui e acolá, e, desafiando as leis da física, faz a maior concentração de pessoas por metro quadrado.
A mistura é tão boa que o nosso cantinho passou a ser o local preferido dos encontros de gente grande e pequena. E acaba de ganhar um nome próprio, batizado por um dos assíduos frequentadores como LARcerda. Fazemos gosto, pessoal!
Veja que primor a prova de redação do baixinho-grande, no auge dos seus sete anos: "Crianças não devem trabalhar Muitas crianças trabalham hoje em dia mas isso não está certo. As crianças devem brincar, estudar, ser livres, e não ficar trabalhando noite e dia. Essas crianças trabalham porque as famílias não tem dinheiro. Muitas crianças trabalham na rua para ganhar dinheiro e dar aos pais. Um dia duas crianças estavam trabalhando quando uma falou para a outra: - Nós temos que parar de trabalhar. - É. - Nós temos que estudar. - É. Então os meninos ganharam dinheiro, deram o dinheiro para os pais e então foram para a escola e fim." Ele ainda mata a mãe jornalista de orgulho. E fim.
A prova de que os homens são todos iguais, não importa a idade, veio do Vivi, que assistia televisão esparramado no sofá. Pedi licença para me assentar. Preguiçoso, ele chegou para o lado e logo tratou de deitar no meu colo. Não me contive: - Você está se saindo um belo de um folgadão, Vivi. Com um sorriso preguiçoso, ele confirmou minhas impressões com um pedido: - Coça minhas costas, mãe?
No consultório, o tio pediatra foi auscultar o peito do baixinho-grande: - Deixa eu ver o que esse coração diz. Nossa, ele está batendo assim: Ju-lia, Ju-lia, Ju-lia. O pequeno, escaldado, tratou de cortar a conversa: - Nem eu, nem a mamãe gostamos desse papo, tio André. Hihihi...
Assistindo ao piti da mãe da Rapunzel no filme Enrolados, um baixinho-pequeno puxou papo com o outro: - Essa moça é mais brava que a mamãe, não é? Ao ver o outro concordar com a observação, conclui que meu índice de braveza está a um nível das vilãs.
O baixinho-grande está tomando antibiótico. Dois dias depois do início tratamento, quem começou a apresentar os mesmos sintomas fui eu. Vivi, prestativo que só ele, tratou de dar jeito na ziguizira: - Mãe, vou falar pro Pedro deixar um pouquinho do remédio dele pra você. - Obrigada, Vivi. - Mas é de criança, tá? - Tudo bem, filhinho. - É, não deve ter problema mesmo. Você é pequena igual criança, né?
Davi entrega o irmão igual: - Mãe, o João soltou um pum. Rapidamente, o denunciado desmente o denunciante: - Não foi um. Foi um monte. Em época de eleição vale a pena lembrar. Honestidade acima de tudo, pessoal.
Pedro e suas dúvidas religiosas: - Mãe, na escola disseram que Jesus morreu, mas continua vivo entre nós. Então, quer dizer que ele é um tipo de zumbi?
- Mãe, a filha da Eliane namora. - Eu sei, João. - Mas ela só tem treze anos. - Eu sei, filhinho. - Como, se ela ainda brinca com brinquedo? A isso damos o nome de adolescência, filho.
Do lado de fora do prédio, um casal apaixonado manifestava seu amor em um beijo acalorado. Davi, curioso que só ele, não tirava os olhos dos pombinhos. Apressei-me em abrir a portaria e colocar a tropinha para dentro. Os dois irmãos entraram, mas Davi permaneceu estático, tentando entender a cena. Chamei a atenção: - O que você tanto olha, filhinho? Ele, sem tirar os olhos do casal, respondeu com outra pergunta: - Eles não vão parar nunca?
Rebobinemos o post do piti do João por causa do brinquedo que ganhou de dia das crianças: "Calmamente, peguei o presente ainda embrulhado e disse: - Você não quer? Ótimo, tem um monte de outras crianças que vão querer, tenho certeza." Davi, mais que depressa, fez questão de lembrar: - Eu sou outra criança, tá, mãe?
Os pequenos ganham presentes três vezes ao ano: aniversário, dia das crianças e natal. Dá para imaginar a expectativa que ronda cada data dessa, não dá? As recomendações triplas sobre os brinquedos aumentam com a proximidade dos dias. João costuma ser o mais afoito, faz questão de garantir que eu entenda precisamente todas as especificações da encomenda. Eu até entendo. Só não atendo, claro. Se eu for me render à pressão de menino pequeno, estarei perdida. Nesse dia das crianças, especialmente, fiz questão de escolher um brinquedo sem apelo comercial para cada um. E me preparei para a frustração. João foi o que mais protestou, não se deu nem ao trabalho de abrir o embrulho. Quando percebeu que o formato era diferente do que ele queria, virou bicho. Parecia um pequeno tirano. Chorou, esperneou, fez pirraça e deixou os irmãos boquiabertos. Calmamente, peguei o presente ainda embrulhado e disse: - Você não quer? Ótimo. Tem um monte de outras crianças que vão querer, tenho certeza.
E segui com a minha ameaça. Aos poucos, ele foi voltando a si. Enxugou as lágrimas, pegou o presente e desembrulhou com pouco caso. Descobriu um joguinho de tabuleiro super legal. Precisou conter o sorriso, porque demonstrar satisfação seria demais. Pouco tempo depois, estavam os três sentadinhos, brincando juntos. Exatamente como eu imaginei. Bem melhor que a encomenda.
Bom dia para você que acordou com o sol invadindo o seu quarto, novos botões de beijinhos se abrindo na janela e um baixinho iluminado tocando a Nona Sinfonia Beethoven na flauta. Felicidade é só questão de ser.
O baixinho brilhou na estreia no time da escola. Fechou o gol como o São Víctor, do meu Galão da Massa, na campanha da conquista da Libertadores. Fiquei duplamente feliz com o seu desempenho. Primeiro, por ele, é claro. Depois, pela minha reputação, porque esse negócio de ser mãe de goleiro não é fácil, não.