sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Consciência pesada


- Foi você que fez essa bagunça, Vivi?
- Não, mãe.

Imediatamente ele coloca a mão no nariz e se entrega:

- Meu nariz já tá crescendo?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Direitos

O baixinho-grande entra no carro com um livrinho na mão e começa a ler concentradamente. Curiosa, pergunto do que se trata. Sem tirar os olhos da página, ele responde:

- É o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Eu devo me preocupar?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Vivendo e aprendendo



- Vivi, por que seu nariz está todo machucado?
- É que eu cheguei perto demais do balanço...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Para sempre

João ensaiou uma pirraça na porta da escola:

- Não quero entrar, eu já estudei muito.

Pedro, no auge dos seus seis anos, desabafou:

- Imagine eu, então...

E entrou na escola, resignado. A essa altura do campeonato, ele já entendeu que nunca mais sairá de lá.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Por que crescer dói?

O baixinho-grande acordou no meio da noite incomodado com uma dor esquisita, que não passava nem com cafuné de mãe. Revirou de um lado para o outro e custou a conseguir "pegar o sono" de novo, como ele mesmo diz. O mais impressionante é que, durante a peleja, ele sofreu em silêncio.

- Não quero acordar os irmãos, sussurrou.

Enquanto o acalentava, fiquei observando aquele baixinho brincando de ser grande. E concluí que, de pequeno, ele só tem o tamanho...

Sabe de uma coisa, filho?
Também sofro em silêncio por isso.


sábado, 17 de agosto de 2013

Galanteios de Vivi



- Mamãe, eu nasci da sua barriga?
- Sim, filhinho. E eu, de onde nasci?
- Do meu coração.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Número dois ao quadrado

Nada testa mais o amor de mãe do que a interrupção do almoço para socorrer menino após o número dois. É sempre assim: "vem me limpar!", ou "já acabei!", ou "você tá demorando muito!". Assim mesmo: imperativo, impaciente e escatologicamente impiedoso.

Outro dia, quando enfim pude começar a comer, veio o pedido. Tudo bem, intestino não tem relógio, pensei comigo. Esperei pacientemente o fim da obra para entrar em ação e finalmente poder voltar aos meus sagrados 10 minutos de almoço. Não demorou para vir outro pedido, que jogou toda a minha paciência pelo vaso. 

- Ah, não. Agora você está de brincadeira comigo.
- Não tô, não, mãe. 
- Mas você não acabou de ir ao banheiro?
- Não, eu sou o outro.

Ah, sim.
É que o número dois também é ao quadrado.


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Derrota

Na aula de futsal, o baixinho-grande foi impunemente derrubado por um coleguinha. A dividida de bola resultou num gol e, consequentemente, num  berreiro com toda a potência dos decibéis de Pedro Lacerda. Ao fim da partida, perguntei:

- Aquele choro foi porque doeu muito, filho?
- Não, mãe. Foi porque o professor não deu falta. 

Nele, nada dói mais que a derrota. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

João sem braço

João, o que solta o braço, dando uma de joão sem braço: 

- Mãe, não quero ir para a escola.
- Não adianta, filho, tem que ir. Você já sarou. 

Procurando uma nova doença para justificar o assassinato de mais quatro dias de aula, ele fez cara de pobrezinho e descobriu uma nova enfermidade:

- Agora é o meu piu-piu que tá doente.

sábado, 10 de agosto de 2013

Mentirinha

Hoje fomos a um restaurante-fazenda pertinho de BH. Os baixinhos ficaram deslumbrados com os bezerrinhos, cavalinhos, patinhos, peixinhos e porquinhos que desfilavam aos montes. Os porquinhos foram os que mais fizeram sucesso, numa identificação instantânea.

Tudo ia bem até um peão matuto entrar no chiqueiro e laçar um dos leitões pelas patinhas. O coitado do bichinho, que gritava feito gente, foi direto para o abate. Quando me dei conta do que estaria por vir, tratei de tirar meus três porquinhos de lá:

- Vamos, gente, acabou a festa.
- Para onde ele vai, mãe? - perguntou um baixinho-pequeno, intrigado.

Sem saber o que dizer, contei uma mentirinha:

- Ele vai tomar banho e vacina.

Cortei a conversa toda orgulhosa da resposta à queima roupa. Afinal, o que pode ser mais trágico para um porquinho do que banho e vacina? 

Os meus que o digam.  



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ato falho

O convalescente João:

- Mamãe, tô com saudade da Ana Paula. Ela é minha amolada.

Amolada.
Gostei do ato falho. Afinal, namoradas só dão amolação.  


Pragmático

- Mãe, tem uma coisa que tá me deixando muito preocupado.
- O quê, filho?
- Se a gente estiver sozinho em casa e você morrer?
- Hã?
- É, assim, tipo acordar morta, sabe?
- Credo, filho. Isso não vai acontecer.
- Como você sabe?
- Bom, na verdade, pode acontecer. Mas não fica pensando nisso, não.
- Por isso não gosto quando a gente fica sozinho em casa.
- Mas não tem jeito, somos só nós quatro, Pedro.
- E se você me ensinar a ligar no seu telefone?
- Tudo bem, eu ensino.
- Quem mora mais perto da gente?
- O tio André.
- Ele vai demorar muito pra chegar?
- Não sei, filho. Que papo ruim é esse?
- É que eu não quero ficar muito tempo em casa com você morta.

Tudo bem, eu já entendi.
Agora pare de me matar.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Verso

João tá com rubéola.
Vermelhinho e prostrado que só ele, tadinho.
Aflito, Vivi perguntou:

- O João vai dormir pra sempre?

Quase um verso.
Só que não.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sinceridade


Após passar uma temporada na casa do vovô, sob os cuidados da tia Mercinha (especialista em estragar meninos), precisei chamar a atenção do Davi por causa do excesso de manha:

- Meu filho, por que tanta morrinha?

Ele, muito sincero, respondeu:

- É que eu tô estagado, mãe.

Tia Mercinha, depois conversamos.