segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Contra o feiticeiro

Tenho andado bem cansada do fusuê da tropinha. Principalmente à noite, quando eles deviam estar calmos e prontos para o sono, mas são tomados por um fogo que começa do nada, rapidamente se alastra e termina em choro ou machucado. Numa noite dessas, adverti que a fusarca ia terminar mal:

- Alguém ainda vai se machucar e eu não vou querer nem saber, porque estou pedindo para parar e ninguém me obedece.

Bingo. Não demorou muito para que o primeiro desse uma topada na parede e, chorando, viesse pedir colo. Impiedosa, cumpri minha promessa:

- Não adianta nem vir me contar, pode ir direto pra cama.

Resignado, o baixinho ferido se deitou e dormiu, soluçando de tanto chorar. Acordou com o dedo da mão roxo e inchado, só para me matar de culpa. Ele, vingativo, ainda tripudiou:

- Você não quis ver, agora meu dedo nem dobra mais.

Se praga de mãe tem poder, condenação de filho tem mais ainda. E, vá por mim, dói muito mais.


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