segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A amamentação e seus fantasmas

A jornalista Fernanda Gentil postou um desabafo sobre a idealização da amamentação, tema que até hoje me dá arrepios. Posso fechar os olhos e sentir de novo a angústia de esperar pelo leite que não desce. Meu peito ainda lateja ao lembrar a dor do leite empedrado. E a sensação de incompetência a cada complemento de mamada? E o desespero que dá quando as casquinhas recém-formadas das fissuras dos mamilos são cruelmente arrancadas por boquinhas famintas e sem dentes? O que dizer dos palpites, que vêm aos montes, de todos os lados?

Enquanto estava nesse suplício, só conseguia pensar: onde estavam os sinos badalando e os anjos abençoando aquele momento tão mágico? Onde estava o prazer quase orgásmico que as mulheres diziam sentir? Por que eu não conseguia achar bom o fato de ser a única fonte de alimento dos meus filhos? Não sei. Simplesmente não foi para mim. Acho que não é para um monte de gente.

Leite materno é importante? Sim. Tão importante que merece toda a dedicação da mãe, mesmo quando ela achar que não tem mais forças. Mas, quando as forças realmente acabarem, essa mãe precisa de compreensão. Muito mais do que a criança precisa do leite materno. A maternidade já é uma tarefa difícil demais para ser agravada pela crueldade dos julgamentos dos outros. Nessa hora, é a mãe que precisa de colo.
Foi o que me faltou.

Hoje, passados tantos anos, vejo que sobrevivemos bem à tempestade.
Os meninos são fortes e saudáveis. O mesmo posso dizer de mim.
Pena que custe tão caro.


Fernanda Gentil, dê cá um abraço.


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