quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Lição

Veja como são as coisas.
Sempre achei que mãe não tinha permissão para adoecer.
São tantas as exigências que pesam sobre a mãe moderna que adoecer se torna um privilégio para poucas. Mas, o preço que a gente paga é alto e um dia a conta chega.

A minha chegou.
Há algumas semanas, uma corriqueira e inocente infecção de garganta evoluiu para uma doença reumatológica de diagnóstico difícil. Me derrubou na cama em poucos dias. De uma hora para outra, segurar um copo e dar pequenos passos se tornaram tarefas quase impossíveis.  Na maioria das vezes, tinha a sensação de que minhas articulações estavam esfarelando. Nas outras, tinha certeza. Fui afastada do trabalho, pulei de médico em médico e fui submetida a dezenas de exames. As dores eram fortes, mas sequer se comparavam ao buraco causado pela saudade dos meninos, que estão morando com o pai desde então.

Entre as suspeitas médicas estava o temido lúpus, rara doença autoimune provocada pelo desequilíbrio do sistema imunológico. Os médicos me viraram do avesso e descobriram, felizmente, que se tratava de uma artrite reativa, outro tipo de doença autoimune, porém, mais branda. Não teve jeito. Tive que reconhecer que não tenho controle sobre as coisas. Não controlo sequer o meu sistema imunológico. Baixei o topete. Precisei da ajuda de todos, família e amigos, que, graças a Deus, são muitos e para toda hora.

Aprendi algumas lições durante o repouso forçado. Quanto mais rígidos somos conosco, menos flexível a vida se torna. Dar conta de tudo sozinha pode ser inevitável, mas não é legal. Ser boa mãe, boa dona de casa e boa profissional pode custar caro demais. Ser mãe, dona de casa e profissional já são motivos suficientes para comemorar. Precisamos pegar leve conosco para que a vida tenha chance de ser leve também.  

Após muito refletir, continuo achando que mãe não pode adoecer. Mas é bom dar uma forcinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário