
Davi pensando no futuro:
- Mãe, quando você morrer, posso ficar com seu celular?
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| João, que curte rock da pesada, adorou a sinfonia |
João andou doentinho esses dias. Nessas ocasiões, ele se transforma no fracasso em pessoa: pura prostração e choro. Tentando consolá-lo, expliquei o motivo da febre e do corpo ruim:
Nosso pacotinho de amor, sobrinho número 7, chegou nos ensinando que a pressa não leva a lugar nenhum. Que ninguém controla o relógio, tampouco a intuição de uma mãe. Que não existe regra, que não precisa por quê, que a vida simplesmente renasce todos os dias, esplêndida.
Os dois tomavam banho juntos. Ao final, cada um recebeu uma muda de roupa para vestir. Incomodado com as peças que lhe foram dadas, Davi protestou:
Após duas semanas de preparativos, reunimo-nos todos para a semifinal da olimpíada nacional de matemática. Como já tínhamos lido o regulamento mil vezes, decidimos simplesmente esperar o badalar das oito horas, horário previsto para a liberação das perguntas pela internet. Passaria para a próxima fase quem acertasse todas as três questões, em menos tempo.
- Nossa, é mesmo! Estava na sua agenda, na semana passada. E aí?
- Mãe, estou fazendo uma redação. Posso ler para você?

Ontem foi dia de reunião com a professora do Pedro. Ela, para variar, foi só elogios ao baixinho.
Uma coisa a dizer sobre o João após a sua última peraltice: ele é maravilhosamente honesto. O pequenininho podia ter mentido. Podia ter jogado a culpa em algum irmão. Podia ter tentado subornar quem quisesse me contar a verdade. Podia simplesmente ter ficado calado. Mas, não. Ele assumiu a traquinagem e todas as consequências dela, sem pestanejar.
- O que foi, João?

A escola promoveu uma palestra sobre o uso e abuso de drogas na adolescência. Como esse é o meu maior temor de mãe, é claro que eu estava lá, na primeira fila. Não tinha com quem deixar os pequenos, então, João e Davi me acompanharam em grande parte da palestra.
A escola dos pequenos vai oferecer aula de dança para adultos. Eu, que prometi a mim mesma não morrer antes de voltar a dançar, fiquei empolgadinha com a ideia. Quando soube da novidade, o baixinho-grande também vibrou:
- Mãe, o João é muito burro.
Há muito tempo, o baixinho-grande é chamado de Lacerda pelos colegas da escola. Sobrenome que eu acho um charme, por sinal. Em público, passei a adotar a nomenclatura também. Um dos coleguinhas achou o fato curioso: